quarta-feira, 24 de junho de 2009

Como mediar o aprendizado?



Critérios de Mediação - promovendo o desenvolvimento das pessoas

A intervenção no processo de desenvolvimento de crianças, jovens ou adultos se faz necessária todas as vezes que uma pessoa não consegue, por si mesma, florescer.

Neste sentido, o papel dos mediadores é fundamental. Despertam nas pessoas...

"um estado de alerta, curiosidade e sensibilidade ante os estímulos mediados e criam com e para as crianças, relações temporais, espaciais e de causa-efeito entre os estímulos." (TZURIEL; HAYWOOD, 1992 apud MATURANO;LINHARES; LOUREIRO, 2004).

Importante contribuição tem a nos dar a obra Vulnerabilidade e proteção: indicadores na trajetória de desenvolvimento escolar, organizado por Maturana, Linhares e Loureiro (2004).

A mediação de aprendizado ocorre quando somos ainda bebês. A mãe que acalenta o filho, o pai que acompanha as brincadeiras infantis. Neste momento, começa nosso processo de aprendizado sobre como vamos interagir com o mundo.

A mediação adequada entre uma criança e seus pais facilita seu desenvolvimento cognitivo, afetivo e físico. É nesta fase que a criança internaliza os mecanismos de aprendizagem que depois vai utilizar por toda a vida, em momentos de interação social e reflexão sobre como define sua existência. Por isso, é muito importante mediar adequadamente o aprendizado.

Cinco critérios são necessários e suficientes em qualquer processo de mediação:

. intencionalidade e reciprocidade
. mediação de significado
. mediação para a transcendência
. mediação do senso de competência
. regulação e controle do comportamento


A intencionalidade acontece quando o mediador tem um propósito, conscientemente elaborado. Despertando na criança ou jovem um estado de alerta, facilita o registro eficiente da informação (input), um processamento adequado (elaboração) e uma resposta eficiente (output). Intencionalmente, o mediador se interpõe entre o estímulo e a pessoa, focalizando sua atenção.

Considerando que a mediação é bidirecional, a reciprocidade acontece naturalmente, dado que ambos aprendem, trocam energias. A reciprocidade permite ao mediador regular o processo, avançando e retrocedendo na troca, nos momentos, no espaço dado. Isto ajuda a criança a perceber que suas ações influenciam o comportamento de outras pessoas e fomentam nela a crença de que podem ser agentes de mudanças.

A mediação de significado acontece quando interagimos com outras pessoas e esta situação nos traz uma significação afetiva, motivacional e orientada a certos valores.

Segundo a perspectiva de compreensão e ação mediadora apresentada pelos autores citados, sempre que interagimos com outras pessoas no sentido de fazer aflorar seu melhor lado, é preciso demonstrar entusiamos e interesse, expressos de modo verbal e não-verbal. A mediação de significado verbal pode expressar-se na entonação da voz, nas palavras e frases. De modo não verbal, quem comunica é nosso corpo, a partir de gestos corporais, faciais ou a repetição de atividades e rituais.

Uma pessoa (seja criança, jovem ou adulto) que experimentou a mediação de significado internaliza este momento e, mais tarde, interessa-se pelos significados de novas informações, em vez de passivamente esperar que lhe digam o que os fatos, eventos e conceitos significam.

A mediação da transcendência acontece na interação, quando o mediador consegue estabelecer metas mais amplas, indo além da situação presente e extraindo regras, princípios, aplicações e informações que podem ser úteis em outras situações. É o que chamamos de generalização, algo que permite a todos abrir-se ao aprendizado e expansão de nossas necessidades informacionais e afetivas.

A mediação do senso de competência tem referência na capacidade do mediador de organizar o ambiente e a situação de modo que o aprendiz adquire confiança em si mesmo, a crença em sua própria capacidade de agir de maneira autônoma e eficaz. O mediador promove oportunidades de sucesso para a criança, recompensando-a por suas tentativas de lidar sozinha com a situação, fornecendo feedback.

Na regulação e controle de comportamento, o mediador age no sentido de fornecer parâmetros às tarefas e atividades, controlando e conduzindo o processo por meio de orientações situacionais.

Com base nos critérios apresentados, o mediador focaliza, expressa entusiamo, ativa a consciência, explora, explica, relaciona, encoraja, organiza e planeja a mediação do aprendizado. Em todas estas atividades, o essencial é manter o equilíbrio e a consistência das ações.



Saiba mais sobre isso lendo o livro

MATURANA, E.M.; LINHARES, M.B.M.; LOUREIRO, S.R. Vulnerabilidade e proteção: indicadores na trajetória de desenvolvimento do escolar. São Paulo: FAPESP; Casa do Psicólogo, 2004. (Parcialmente disponível no Google Books e disponível para empréstimo na Biblioteca do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo - IP USP.)

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